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Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva ocupam extremos opostos no espectro político global, representando visões de mundo distintas que moldam suas políticas econômicas. Trump, em seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos em 2025, defende um conservadorismo nacionalista com foco na proteção da indústria americana. Lula, presidente do Brasil desde 2023, lidera um governo de esquerda com ênfase em justiça social e redistribuição de renda. Apesar das diferenças ideológicas, ambos implementam medidas que elevam os custos para a população, afetando especialmente as classes média e baixa. Este texto analisa as políticas econômicas de ambos, seus impactos e as semelhanças nos efeitos, mesmo com justificativas díspares.
Trump: protecionismo agressivo e tarifas elevadas
Desde sua reeleição, Trump intensificou sua agenda protecionista, centrada na redução da dependência de importações e na revitalização da indústria americana. Sua política comercial, marcada por tarifas elevadas, visa proteger empregos locais e reduzir o déficit comercial, mas transfere custos significativos aos consumidores e às cadeias produtivas.
Principais medidas:
- Tarifa universal de 10%: Aplicada a todas as importações, exceto em acordos específicos, como com Canadá e México (USMCA).
- Sobretaxas contra a China: Tarifas de até 60% sobre produtos chineses, incluindo eletrônicos, roupas e componentes industriais, para desestimular a dependência de manufaturas asiáticas.
- Aço e alumínio: Sobretaxa de 25% sobre importações, impactando setores como construção e automotivo.
- Veículos importados: Tarifas de 30% sobre carros da Europa e México, encarecendo modelos populares nos EUA.
- Commodities brasileiras: A partir de agosto de 2025, tarifas de 50% sobre cobre, minério de ferro e produtos agrícolas do Brasil, em resposta a desequilíbrios comerciais percebidos.
- Incentivos fiscais domésticos: Redução de impostos para empresas que repatriam fábricas, contrastando com o aumento de custos para importadores.
Efeitos para os americanos:
- Aumento de preços: Produtos como smartphones, eletrodomésticos, roupas e alimentos importados subiram até 15% em média, segundo estimativas do Peterson Institute for International Economics (julho 2025).
- Impacto regressivo: Famílias de baixa renda, que gastam até 80% de sua renda em bens de consumo, são as mais afetadas, enquanto os mais ricos absorvem melhor os aumentos.
- Arrecadação e riscos macroeconômicos: As tarifas geraram bilhões em receitas federais, mas analistas alertam para riscos de inflação (projetada em 3,5% para 2026) e desaceleração econômica devido à redução do consumo.
- Tensões comerciais: Países como Brasil e China retaliaram com tarifas sobre produtos americanos, como soja e carne, afetando exportadores dos EUA.
Fontes:
- Reuters: “EUA impõem tarifa de 50% sobre produtos do Brasil, negociações bilaterais continuam” (julho 2025).
- New York Post: “Tarifas de Trump arrecadam bilhões, mas consumidores enfrentam preços recordes” (junho 2025).
- Peterson Institute: “Impactos das tarifas de Trump na economia americana” (julho 2025).
Lula: justiça fiscal e aumento da carga tributária
No Brasil, Lula tem priorizado o equilíbrio fiscal e o financiamento de programas sociais, como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida, em um contexto de dívida pública elevada (94% do PIB em 2025, segundo o Banco Central). A reforma tributária, aprovada em 2023, é o carro-chefe de sua agenda econômica, mas medidas como a reoneração de combustíveis e a tributação de compras internacionais geram impactos imediatos no custo de vida.
Principais medidas:
- Reoneração de combustíveis: Desde 2023, a volta de impostos federais (PIS/Cofins) elevou o preço da gasolina em 12% e do diesel em 15%, impactando transporte, frete e preços de alimentos.
- Tributação de e-commerce internacional: Compras em plataformas como Shein, Shopee e AliExpress passaram a ser taxadas em 20% (Imposto de Importação) mais ICMS estadual, elevando o custo final em até 60% em alguns estados.
- Fim de isenções fiscais: Setores como tecnologia, agronegócio e indústria química perderam benefícios, com repasse de custos a consumidores. Por exemplo, o fim do desconto na folha de pagamento para 17 setores aumentou preços de serviços.
- Imposto sobre Valor Agregado (IVA): A reforma tributária institui o IVA dual (Contribuição sobre Bens e Serviços – CBS, e Imposto sobre Bens e Serviços – IBS), com alíquota combinada estimada entre 25% e 27%, uma das mais altas globalmente, segundo a OCDE. A transição começa em 2026, mas já pressiona preços devido à antecipação de empresas.
- Taxação de grandes fortunas e dividendos: Embora ainda em debate no Congresso, propostas para taxar lucros e dividendos de grandes empresas podem elevar custos indiretos para consumidores.
Efeitos para os brasileiros:
- Alta generalizada de preços: Combustíveis, alimentos, vestuário e serviços básicos subiram entre 8% e 20% desde 2023, segundo o IBGE.
- Impacto regressivo: A tributação sobre consumo, que não diferencia faixas de renda, afeta mais as classes média e baixa, que gastam até 90% de sua renda em bens essenciais.
- Objetivos sociais vs. custo imediato: A arrecadação financia programas sociais que beneficiam 21 milhões de famílias (Bolsa Família, 2025), mas o aumento do custo de vida gera insatisfação, com aprovação de Lula caindo para 45% (Datafolha, junho 2025).
- Riscos econômicos: A alta carga tributária pode desestimular investimentos privados, enquanto a inflação (5,2% em 2025, segundo o Banco Central) reduz o poder de compra.
Fontes:
- Valor Econômico: “IVA brasileiro será um dos mais altos do mundo, diz OCDE” (maio 2025).
- Agência Brasil: “Reoneração de combustíveis eleva preços e financia programas sociais” (março 2023).
- UOL: “Tributação de compras internacionais impacta classe média” (julho 2024).
- IBGE: “Inflação acumulada e impacto no consumo” (junho 2025).
Comparativo detalhado
Tema | Donald Trump (EUA) | Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) |
---|---|---|
Ideologia | Direita conservadora, nacionalismo econômico | Esquerda progressista, redistribuição social |
Justificativa oficial | Proteger empregos e indústria americana | Justiça fiscal e financiamento de programas sociais |
Medidas principais | Tarifas de 10% a 60%, incentivos fiscais domésticos | Reoneração, IVA de 25-27%, tributação de e-commerce |
Impacto direto | Preços de bens importados (carros, eletrônicos, alimentos) | Preços de combustíveis, bens de consumo e serviços |
Quem mais sofre | Classe média e baixa (80% da renda em consumo) | Classe média e baixa (90% da renda em bens essenciais) |
Riscos econômicos | Inflação (3,5% em 2026), desaceleração | Inflação (5,2% em 2025), redução de investimentos |
Benefícios esperados | Crescimento da indústria local, arrecadação | Equilíbrio fiscal, expansão de programas sociais |
Críticas | Retaliações comerciais, custo ao consumidor | Carga tributária regressiva, insatisfação popular |
Estratégias distintas, impacto semelhante
Trump e Lula, apesar de suas narrativas opostas, convergem em um efeito prático: o aumento do custo de vida, que recai desproporcionalmente sobre as classes média e baixa. Nos EUA, as tarifas de Trump protegem setores específicos, mas encarecem produtos essenciais, com risco de inflação e tensões comerciais. No Brasil, as reformas de Lula buscam equidade fiscal e financiamento social, mas a alta carga tributária sobre o consumo pressiona o orçamento das famílias mais pobres.
Para o cidadão comum, seja em Nova York ou no interior do Brasil, o resultado é semelhante: o salário estica menos, e bens básicos ficam mais caros. Ambos os líderes enfrentam o desafio de equilibrar metas de longo prazo proteção econômica para Trump, justiça social para Lula com o alívio imediato para populações já sobrecarregadas. A eficácia de suas políticas dependerá de ajustes para mitigar impactos regressivos e da capacidade de comunicar benefícios futuros em meio a pressões presentes.
Gustavo Felipe Cotta Tótaro - CLICAR AQUI
Tecnólogo Gestão de Negócios e Inovação - Faculdade de Tecnologia José Renato Guaycuru San Martim. ( Fatec Pindamonhangaba)
Técnico em Contabilidade - Escola Técnica João Gomes de Araujo de Pindamonhangaba/SP
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