Irregularidades no Pronto-Socorro de Pindamonhangaba: Tribunal de Contas aponta falhas graves no contrato de gestão
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Uma recente auditoria conduzida pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo revelou sérias irregularidades no contrato de gestão do Pronto-Socorro de Pindamonhangaba, administrado pelo Instituto ACENI. A entidade foi responsável pela operacionalização e gerenciamento dos serviços de urgência e emergência do hospital municipal, mas a análise das contas de 2019 levantou uma série de problemas.
Veja abaixo os principais pontos da auditoria:
1. Despesas Elevadas e Injustificadas
De acordo com o relatório do Tribunal de Contas, a prefeitura repassou mais de R$ 2,3 milhões para a cobertura de despesas que não estavam diretamente ligadas ao atendimento médico, o que gerou forte crítica. Esses gastos incluíam valores elevados para a coordenação, gerenciamento e consultoria, que somaram 11,75% do valor total do contrato. O Tribunal considerou essa porcentagem desproporcional, já que os recursos deveriam ser concentrados na contratação de profissionais de saúde e na aquisição de materiais hospitalares, e não em despesas administrativas.
2. Terceirização de Serviços
Outro ponto crítico da auditoria foi a terceirização de serviços essenciais, algo que não deveria ocorrer dentro do modelo de gestão adotado. O Instituto ACENI contratou várias empresas para realizar atividades que deveriam ser realizadas internamente pela organização social. Empresas foram contratadas para prestar serviços de consultoria e assessoria, resultando em um gasto de R$ 1,7 milhão. Segundo o Tribunal, essa prática configurou um desvio de finalidade, já que a contratação de terceiros não estava prevista no contrato de gestão.
3. Irregularidades nos Aditivos Contratuais
Além dos problemas com as despesas, a auditoria apontou falhas nos aditivos ao contrato principal. Esses aditivos, que incluem alterações como reajustes de valores e prorrogações de prazos, foram considerados irregulares pelos auditores. O Tribunal de Contas destacou que os vícios identificados no contrato principal acabaram "contaminando" esses aditivos, o que comprometeu a legalidade das alterações feitas ao longo do período de gestão.
4. Falta de Transparência
A falta de transparência no uso dos recursos públicos foi outro fator destacado. O Tribunal de Contas questionou a ausência de justificativas claras para os gastos com consultoria e gerenciamento, já que não havia uma conexão direta entre essas despesas e a melhoria no atendimento do Pronto-Socorro. Os gastos elevados com atividades administrativas, que deveriam ter sido secundárias, chamaram a atenção e foram considerados incompatíveis com os objetivos do contrato, que priorizava a eficiência no atendimento à saúde.
5. Impacto na Saúde Pública
Essas irregularidades, segundo o Tribunal de Contas, podem ter impactado diretamente a qualidade do atendimento à população de Pindamonhangaba. Recursos que poderiam ter sido direcionados à compra de materiais médicos, à contratação de mais profissionais ou à melhoria das instalações do Pronto-Socorro acabaram sendo desviados para despesas administrativas de eficiência questionável. A população, que depende do Pronto-Socorro para serviços de urgência e emergência, pode ter sofrido as consequências dessa má gestão.
O que foi o Recurso?
Em resposta à decisão do Tribunal de Contas, a prefeitura de Pindamonhangaba e o Instituto ACENI entraram com um recurso para tentar reverter o julgamento que considerou as contas de 2019 irregulares. No recurso, a defesa argumentou que os serviços prestados foram de qualidade e que as despesas com coordenação, gerenciamento e consultoria eram necessárias para o bom funcionamento do Pronto-Socorro.
No entanto, o Tribunal de Contas rejeitou o recurso, mantendo sua posição de que as despesas com consultoria e gerenciamento não tinham justificativa clara e estavam desvinculadas da prestação de serviços médicos. O Ministério Público de Contas reforçou a argumentação de que os valores gastos com essas atividades foram excessivos e não justificavam o resultado final.
Além disso, os aditivos contratuais continuaram sendo considerados irregulares por estarem atrelados a um contrato principal que já apresentava falhas.
Conclusão
A auditoria no Pronto-Socorro de Pindamonhangaba revelou uma série de problemas que precisam ser corrigidos para que os recursos públicos sejam aplicados de forma eficiente, priorizando a saúde e o atendimento à população. O Tribunal de Contas manteve sua decisão de reprovar as contas do Instituto ACENI, que gerenciou o Pronto-Socorro em 2019.
Agora, cabe às autoridades locais garantir que esses problemas sejam resolvidos e que o foco retorne para o que é mais importante: o bem-estar da população de Pindamonhangaba.
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