Irregularidades em Licitação de R$ 2,3 Milhões da Prefeitura de Pindamonhangaba

 

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) declarou irregular a licitação realizada pela Prefeitura de Pindamonhangaba para contratação de serviços de impressão corporativa, no valor superior a R$ 2,3 milhões. O processo, que teve início após uma denúncia, revelou falhas na licitação e restrições à concorrência. Por conta disso, o Tribunal aplicou uma multa ao Secretário de Tecnologia, Inovação e Projetos, Danilo Velloso, responsável pela homologação do contrato.

A Denúncia e os Motivos da Investigação

A licitação, que visava a locação de impressoras, scanners, softwares de gerenciamento e assistência técnica, foi questionada pela empresa Gomaq Máquinas para Escritório Ltda., que participou da disputa, mas não venceu. A empresa apontou uma possível irregularidade: a vencedora do processo, a Office Vale Sistemas de Impressão Ltda., teria sido classificada mesmo sem apresentar um atestado de vistoria técnica, documento essencial para comprovar que a empresa sabia como executar o serviço corretamente.

Outro ponto que gerou questionamento foi a falta de explicações claras sobre a escolha da vencedora. Segundo a denúncia, a decisão de aceitar a proposta da Office Vale não foi devidamente justificada pela Prefeitura, o que, para o Tribunal, comprometeu a transparência e a igualdade de condições entre as empresas concorrentes.

O que o Tribunal de Contas Encontrou

Durante a investigação, o TCE-SP identificou vários problemas na licitação. Entre as principais irregularidades estavam:

  • Preço elevado: O valor do contrato foi considerado acima do mercado, o que, segundo o Tribunal, poderia dificultar a participação de mais empresas e aumentar os custos para o município.

  • Itens combinados em um único pacote: A Prefeitura reuniu, em um único contrato, a locação de impressoras, fornecimento de peças e outros serviços, o que dificultou a participação de empresas menores, que poderiam ser especializadas em apenas um dos serviços. Essa prática, de acordo com o Tribunal, restringe a concorrência e vai contra as normas que buscam abrir o mercado para mais competidores.

  • Risco de cobrança em duplicidade: O contrato apresentava a possibilidade de pagamento duplicado, pois incluía valores tanto para a locação quanto para a manutenção dos equipamentos, o que poderia gerar uma cobrança indevida.

A Defesa da Prefeitura

Em sua defesa, a Prefeitura de Pindamonhangaba alegou que o erro com o atestado técnico foi causado por uma falha no sistema de compras online usado para a licitação, que teria mostrado apenas o verso do documento. Segundo a Prefeitura, o erro foi corrigido posteriormente. Quanto ao valor do contrato, a Prefeitura afirmou que foi estabelecido após uma pesquisa com três empresas do setor. A justificativa para reunir todos os itens em um único pacote foi facilitar a logística, já que haveria apenas um fornecedor responsável.

No entanto, o TCE-SP não aceitou as justificativas apresentadas, considerando que elas não foram suficientes para corrigir as falhas e irregularidades identificadas.

A Multa e as Consequências para o Secretário

Como resultado da investigação, o Tribunal de Contas aplicou uma multa de 150 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (UFESP) ao Secretário Danilo Velloso, responsável pelo contrato. Com cada UFESP valendo R$ 34,71 em 2024, a multa totaliza R$ 5.206,50. A penalidade foi imposta devido ao descumprimento das normas de transparência e competitividade exigidas em processos licitatórios.

Implicações para o Município

Este caso serve como um alerta sobre a importância de garantir mais transparência e competitividade nas licitações públicas. O Tribunal recomendou que a Prefeitura tome mais cuidado na condução de contratos futuros, buscando preços mais alinhados com o mercado, explicações detalhadas para suas decisões e, sempre que possível, a divisão dos itens de contrato para permitir a participação de empresas menores.

Além disso, como o contrato envolvia verbas federais, a decisão do TCE-SP também foi encaminhada ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Controladoria-Geral da União (CGU). Isso porque, quando há recursos federais envolvidos, essas instituições devem ser notificadas para garantir que os processos estejam em conformidade com as normas federais e que os recursos públicos sejam bem utilizados.

A conclusão do Tribunal é clara: processos de licitação mais abertos, transparentes e justificados não só ajudam a proteger os recursos públicos, mas também promovem uma gestão mais eficiente e justa, em benefício de toda a população.

A Omissão da Câmara de Vereadores

É preocupante a postura da Câmara de Vereadores de Pindamonhangaba, que, até o momento, não se posicionou para investigar as irregularidades apontadas neste contrato de valor tão expressivo. Como representantes do povo e fiscalizadores do uso de recursos públicos, os vereadores deveriam atuar de forma ativa e rigorosa na apuração desses problemas, garantindo que a população saiba exatamente como seu dinheiro está sendo utilizado. Essa omissão pode passar à sociedade uma impressão de conivência e enfraquece o papel do Legislativo na proteção dos interesses dos cidadãos.


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Gustavo Felipe Cotta Tótaro - clicar aqui

Tecnólogo Gestão de Negócios e Inovação - Faculdade de Tecnologia de Pindamonhangaba/SP      

Tecnico em Contabilidade - Escola Tecnica João Gomes de Araujo de Pindamonhangaba/SP


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