Pindamonhangaba atravessa uma das piores crises na área da saúde nos últimos anos. Em plena decretação de Situação de Emergência em Saúde Pública, a secretária municipal de Saúde pediu exoneração do cargo, como divulgado pela imprensa local. O fato ocorre no momento mais delicado, com aumento expressivo de casos de doenças respiratórias e dengue, e escancara o cenário de falta de planejamento, desorganização administrativa e gestão amadora por parte do prefeito Ricardo Piorino.
A cidade enfrenta surtos simultâneos de Influenza A e B, Covid-19 (SARS-CoV-2), Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e Rinovírus, além de já contabilizar 621 casos confirmados de dengue em 2025. Nas últimas semanas, mais de 40% dos atendimentos nas UPAs e no Pronto-Socorro Municipal foram por síndromes respiratórias, principalmente em crianças e idosos.
Mesmo com a gravidade da situação, não houve nenhuma coletiva de imprensa para apresentar o relatório técnico que embasou o Decreto nº 6.870/2025, que declarou o estado de emergência por 180 dias. A população não recebeu orientações básicas de prevenção, não foi anunciada a criação de um Comitê de Gestão da Crise e nenhum plano de contingência detalhado foi apresentado. O decreto foi publicado de forma discreta, sem campanhas educativas, sem alertas oficiais e com total falta de transparência.
Além disso, a estrutura de atendimento segue insuficiente e desorganizada. Como primeira ação emergencial, a Prefeitura anunciou a criação de um Gripário 24 horas na Unidade Mista do Cidade Nova, com previsão de até 10 novos leitos de internação. Um número completamente desproporcional frente à população de mais de 172 mil habitantes. Isso sem contar a possível chegada de pacientes de outras cidades, já que o SUS não permite que municípios recusem atendimento a quem procura a rede pública de saúde.
Outro fator que aumenta a preocupação é o histórico da gestão. Na administração anterior, quando Ricardo Piorino era vice-prefeito, o Tribunal de Contas de São Paulo apontou irregularidades em contratações emergenciais durante a pandemia da Covid-19. Agora, com um novo decreto de emergência, a ausência de transparência e a má condução da crise reacendem os alertas sobre a possibilidade de novos problemas administrativos e jurídicos.
Apesar do quadro alarmante, a Prefeitura segue com o planejamento de grandes eventos. O principal deles é o Festival do Tropeiro 2025, previsto para julho, no Parque da Cidade, com expectativa de receber mais de 60 mil pessoas, número semelhante ao público de 2024.
Especialistas alertam que grandes aglomerações, mesmo ao ar livre, são ambientes propícios para a disseminação de vírus respiratórios, uma vez que doenças como a Covid-19, Influenza, VSR e Rinovírus são transmitidas através de gotículas expelidas pela fala, tosse ou espirro, bastando o simples contato próximo entre pessoas infectadas e saudáveis.
A falta de leitos, a superlotação já em curso nas unidades de saúde, a fragilidade na estrutura de atendimento e a falta de ações básicas de enfrentamento tornam a situação ainda mais perigosa. Estímulo a grandes aglomerações pode agravar o colapso da rede pública, além de expor mais pessoas ao risco de adoecimento.
Por tudo isso, cidadãos e entidades de controle social preparam representações formais ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas, exigindo que o poder público justifique suas ações, promova a transparência e adote medidas realmente efetivas para proteger a saúde da população.
Enquanto isso, a cidade segue sem comando técnico na saúde, com uma gestão marcada pela improvisação e decisões incoerentes. Pindamonhangaba vive, literalmente, uma crise dentro da crise.
Gustavo Felipe Cotta Tótaro - CLICAR AQUI
Tecnólogo Gestão de Negócios e Inovação - Faculdade de Tecnologia José Renato Guaycuru San Martim. ( Fatec Pindamonhangaba)
Técnico em Contabilidade - Escola Técnica João Gomes de Araujo de Pindamonhangaba/SP
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